Olá, leitores amantes do sombrio!
Conforme prometido, mais uma postagem do Especial Outubro Sangrento (Saiba mais AQUI) no dia de hoje!
Hoje pela manhã, no Massacre Nacional #2, (re)apresentamos o autor Orfeu Brocco, nosso parceiro e colaborador.
Agora trago a vocês sua Entrevista Macabra!
Vamos?
Hoje pela manhã, no Massacre Nacional #2, (re)apresentamos o autor Orfeu Brocco, nosso parceiro e colaborador.
Agora trago a vocês sua Entrevista Macabra!
Vamos?
1 - Por que o gênero horror/terror?
R: Não sei ao certo. Desde a primeira vez que vi filmes e li livros do gênero me apaixonei. Como você mesma sabe, escrevo sobre diversas coisas, mas este é meu gênero preferido. Por quê escolhi assustar pessoas? Creio que o mistério em torno do gênero e dessa questão é bem fascinante, não escolhi isso, somente me recordo que sempre tive essa preferência.
Eu poderia discutir temas sociais (e outros temas) falando de diversas formas, mas creio que encontrei na narrativa do terror a verdadeira eloquência necessária para tanto. O medo é uma emoção primária e forte, talvez leve as pessoas a se indagarem mais.
2 - Em seus textos da coluna No Umbral, muitos são inspirados em lendas e mitos nacionais. Além delas, quais outras fontes de inspiração?
R: Tudo serve como inspiração, acredite. Notícias de jornais, conversas corriqueiras, sonhos e pesadelos, divagações e até mesmo ideias soltas na mente que parecem às vezes serem sussurradas. Mas tenho explorado bastante o cenário nacional e nossos mitos como forma de atentar para o vazio de identificação com nossa cultura.
Nós mesmos criamos este preconceito com tudo que é nosso, talvez pela dita baixa autoestima brasileira e nossa piegas autocrítica em acharmos que somos os piores e os párias do mundo, quando não somos, temos nossos problemas e cada lugar tem os seus.
Nossos mitos e lendas não devem nada aos estrangeiros em questão de horrorizar (já imaginou o quão assustador seria encontrar em um rio uma criatura anfíbia com características humanas que tencionasse te afogar? Esse é o mito do Negro d’água!). Mas essa atual preferência não tem xenofobia nenhuma, pelo contrário, o mundo é vasto, fascinante e gosto de explorar todos cenários e folclores possíveis, apenas não me dedicarei tanto aos mitos já explorados exaustivamente e se o fizer tentarei fazer de uma maneira singular, ou diferente, se puder.
3 - Nestes mesmos textos e alguns de seus contos, vemos o uso de diferentes línguas e dialetos, como tupi-guarani e o creole. Por que estas escolhas e não uma língua mais comum?
R: Línguas são intrinsecamente ligadas a culturas que nos levam a diferentes pontos de vistas, muitas vezes ignorados ou inexplorados. Ao mesmo tempo em que nos vemos em um limbo com relação a nossa cultura, vemos também a resistência em conhecer idiomas que fazem parte de nossa cultura e realidade.
“Ai nem falo português direito, vou lá querer entender ‘otras língua’? ”
É uma frase típica, né? Somos aquilo que nos limitamos a ser. Essa é a verdade.
Sobre as línguas mencionadas por você, foram escolhidas na ocasião por fazer referência importantes à nossa raiz indígena (no caso do nheengatu, explorado em O retorno da cabeça do Diabo), afinal se formos ver bem o português é uma “herança” além-mar. Mas não desmereço o português brasileiro, é uma língua bonita e característica nossa.
No caso do creole (presente em Karmilla’s Pub), refere-se aos imigrantes haitianos, cuja presença ilustra o dia a dia de muitas cidades brasileiras, são um povo tão sofrido e lutador quanto o nosso.
Para fechar, temos também a presença do ioruba, língua ainda falada em muitos lugares como Nigéria, Angola, Moçambique, entre outras nações, também tem seu destaque na estória sobre a Cabeça do Diabo, como referência histórica aos habitantes do Quilombo dos Palmares.
4 - Dentro da literatura dark/pulp, quais obras recomenda?
R: Pulp é uma forma de publicação barata feita através da polpa de celulose e os gêneros publicados eram bem abrangentes (veja as imagens abaixo) desde aquelas histórias de amor tipo Sabrina, passando pelos gibis tipo Fantasma, Tex, Zagor e indo de encontro ao pulp de ficção científica e terror.
Aí chegamos ao ponto mais épico da coisa, quando o pulp foi definido como tipo de literatura! No exterior, os ficcionistas mais célebres como Lovecraft , Robert E. Howard (criador do Conan) foram inspirações para gerações até os dias de hoje. Aqui no Brasil, a gente tem o Rubens Francisco Lucchetti, considerado o Papa do Pulp Brasileiro, autor de mais de 1200 livros (recorde mundial), boa maioria de terror. Com o passar do tempo as publicações pulp tiveram um hiato, mas nesses tempos onde publicar tá caro, muito, o pulp pode voltar, não no mesmo formato, mas isso fica pra pergunta seguinte.
Pulp estrangeiro / Pulp nacional:
Sobre os escritos considerados dark, bem, vamos logo ao assunto, eu sugiro: Rochett Tavares, Dário Bertolucci, Verônica S. Freitas (nem sempre escreve dark, mas quando escreve arrebenta). Corro o risco de ser injusto e esquecer alguém, então farei ainda um post sobre os sombrios brasileiros. No internacional, temos muitos exemplos, mas devo dizer que William Peter Blatty, além do livro ‘O exorcista’, tem outras obras tão fascinantes quanto.
5 - Sobre o novo formato que está adotando para seus livros, as livristas, conte como surgiu a ideia e porquê.
R: As livristas são uma maneira de trabalhar com um material barato que não pese tanto no bolso e que seja acessível também para o leitor.
Uma das maiores dificuldades de escritores iniciantes (ou até mesmo experientes) é a impressão! Gráficas geralmente não imprimem pequenas quantidades (ou se imprimem não é barato). Impressão por demanda faz com que seu livro adquira custos exorbitantes, tanto para você quanto pro leitor. Leva tempo até achar uma editora que queira investir em seu trabalho, ou se querem às vezes cobram preços altíssimos. Parece um beco sem saída, não?
As livristas são um novo ponto de partida, livros em formatos variados com impressão semelhantes às revistas e que além do livro em si, podem conter ainda outros materiais variados como reportagens e publicações alheias. Não posso falar mais como é a livrista sem entregar muito, aguardem, por favor. Sobre como a ideia surgiu... bem... foram diversas ocasiões que culminaram nessa ideia e a situação mais influente foi após tomar umas brejas com meu amigo Rodolfo e reclamar muito de dificuldades financeiras e editoriais. De repente a ideia brotou do nada. Se a breja teve influência deixo a cargo de nossos amigos leitores a decidir.
Esses são alguns dos meus livros que serão lançados no formato livrista!
P.S.: Karmilla’s já foi!
FACADAS - Responda com poucas palavras, a primeira ideia que vier:
(Tipo no programa da Marília Gabriela!!!!)
Livro: O exorcista de William Peter Blatty, com o perdão do linguajar chulo: foda pra caralho (censura aí, Nu!)! (Nem ouso!!)
Música: Depende. Gosto de muita coisa, mas adoro principalmente gothic rock e músicas dos anos 80. Mas se fosse pedir uma música no momento seria Fátima – Aborto Elétrico/Capital Inicial, devido ao nosso cenário social e político mundial.
Comida: Como quase tudo de qualquer culinária. Se fossemos almoçar iria de comida mineira. Se fosse para experimentar, adoraria provar comida oriental com seus escorpiões e outros amiguinhos cheios de pernas. Sim, é sério isso.
Bebida: VIXE! Um suco de maracujá, por favor. Natural e delicioso.
Não saio de casa sem: beijar minha família.
Neste momento, eu queria: reviver uma viagem de trem com meu pai de João Monlevade à Belo Horizonte.
Citação preferida: Pode ser um poema? Pode né (hahaha)! Por que mentias? de Álvares de Azevedo.
Aos leitores: A literatura por si só é fantástica, é um mundo de sonhos. Abrir um pouco os olhos para a literatura nacional é uma experiência única, existem autores (no geral, as autoras também) muito bons e o preconceito bobo nos impede de conhecer muita coisa interessante, principalmente nessa vertente sedutora e fantástica que é o terror.
Já que esta é uma mensagem direta aos leitores, gostaria de aproveitar e dizer:
Muito obrigado, por acompanharem meus trabalhos da coluna No Umbral, em meio a cabeças cortadas, aparições e etc, acho fantástico ver suas reações (principalmente dos medrosos, hehe e de quem geralmente não se atrai pelo terror), faz uma enorme diferença ver um sonho crescer e ser apreciado (ou até mesmo não).
Leitores, vocês são muito importantes! Lutem pelos seus sonhos também!
Grande abraço!
>> ENTREVISTA de 2015 <<
Sobre o AUTOR:
Orfeu Brocco nasceu em Uberlândia - MG em 1988, casado, atualmente vive em São Paulo. Como autor, suas obras lançadas até o momento são; "Criações Sombrias" (2014) e "Jardins Dolorosos da Babilônia (ou versos ácidos para meu amor, se você preferir)" também lançada em 2014, além do livro infantil "Hélio e o Menino Gota" lançado em 2015 pela Editora Miranda. Participou em duas antologias: "Noite arrepiante" da Editora Literata (organizada pelo escritor Sr. Arcano) e "Relicário de poesia maldita 33 - RPM" (organizada por Luiz Carlos Cichetto).
Contato:
Obrigada a todos que estão acompanhando nosso Especial, comentando nas postagens e amando nossos lindos autores de terror!
Obrigada também ao Orfeu por ajudar no Especial e por responder esta entrevista que, apesar de simples e pequenina, ficou divina!
Obrigada também ao Orfeu por ajudar no Especial e por responder esta entrevista que, apesar de simples e pequenina, ficou divina!
Até + ver!
*ESPECIAL OUTUBRO SANGRENTO*
Olá =)
ResponderExcluirQue legal, também nasci em Uberlândia porém não morro na cidade atualmente. Não gosto muito de terror. Nunca li nada super aterrorizante mais ainda quero, que sabe não acabo adorando esse gênero. Apesar de não gostar de assisti talvez eu arrisco na leitura, vou anotar a dica desse autor. Beijos'
Que legal Nuccia!
ResponderExcluirEu não o conhecia, mas adorei, inda mais que escreve o gênero que mais gosto de ler.
E concordo com ele sobre preconceito com literatura nacional. Só que essa coisa boba se estende até nós leitores.Não só o conceito está errado, mas como não bastasse ainda somos discriminados; cansei de ouvir " Você é tão inteligente e fica perdendo tempo com leitura nacional" principalmente dos recentes e outras mais. Mas não é só leitor que não quer livros nacionais tem escritor também. Sério! Passei por isso recentemente por conta de um problema na visão e minhas resenhas de parceria estava atrasada, pedi ajuda. O que? Pra livro nacional ninguém do ramo. Por fim minha cunhada que tem me ajudado.
Enfim adorei p autor e espero ler em breve um livro dele.
Bjs
Oii Nuu
ResponderExcluirAcho tão bom ver autores do genero de terror nacional.
Precisamos muito deles, terror não é tão querido no nosso país né....
Parabens pela entrevista, super diferente e divertida
Beijuh
Nem sabia o que era pulp, e confesso que fiquei completamente chocada ao descobrir que tem um autor que publicou mais de 1200 livros!!! Que coisa mais louca!!! Adorei a entrevista, achei muito legal ele ter essa vontade de dar espaço para a nossa cultura, normalmente menos explorada por nós que a estrangeira. Mas eca, ele quer provar escorpiões... Rs... Sou vegetariana, nunca poderia acompanhar, rs, já comida mineira eu amava até parar de comer carne.
ResponderExcluirOOi!
ResponderExcluirAmei a entrevista! Parabéns ao blog e ao autor. AAah Minas Gerais! Saudades! Melhor comida! <3 Faz dois anos que me mudei de lá, se não fosse longe e tivesse um aeroportozinho em minha cidade, iria querer visitar sempre. haha