quarta-feira, 7 de junho de 2017

[Divulgação] - Crítica Literária sobre o livro O Livro que não Escrevi

Bom dia, leitores!

Temos mais uma divulgação impactante hoje! 

O livro de contos "O Livro que Não Escrevi", do nosso autor parceiro Anderson Borges Costa, recebeu uma crítica literária de Lisete Verças, uma estudiosa portuguesa da área literária.

E nós, com muito honra, trazemos a crítica completa a vocês! Vamos lá?




"O livro que não escrevi", de Anderson Borges Costa
por Lisete Verças:



A intensidade poética das palavras e a universalidade e profundidade dos temas que constituem os 32 contos de “O livro que não escrevi”, de Anderson Borges Costa, teve em mim um tão grande impacto que quase me tirou “o fôlego e o chão” (pag. 18), à semelhança do que aconteceu ao protagonista do conto “nobre convite” e admito até que o possa ter descoberto “como uma lâmpada mágica” contendo “um génio capaz de operar milagres” (pag. 16).

Pode ser até que, por absurdo, o livro não tenha sido mesmo escrito pelo Autor, mas foi com certeza inspirado e ditado pela Vida (sendo a vida “uma mistura à procura de se achar”-pag.150), pelo sentir e pela capacidade de observação da realidade, com sua brandura e dureza (“seus olhos se alinhavam com o infinito no horizonte” - pag. 43) não deixando de ver o mistério da concepção e início de vida (conto “Subdesenvolvido –pag 69), a decadência da velhice (conto “Do sofá, da sala, do jardim” – pag. 139) ou a sua previsão (“Sua memória já começava a lembrá-lo de que se esqueceria de tudo muito em breve” (pag. 62), a existência da violência, do abuso sexual, da raiva contida (conto “Urso de Pelúcia”- pag. 140) e até que “o poder é um forte elemento de sedução”(pag. 67). Mas tudo é sempre sentido e expresso por alguém que possui uma alma de poeta (“o lirismo é uma bela pauta a guiar nossos sentimentos”-pag. 67), que procura a essência das coisas, a Verdade, a Liberdade, a Beleza, a Plenitude, possivelmente na tentativa de descrever algumas de suas viagens pelo “Universo Finito de Coisas Inacabadas que Acabam de Começar Eternamente” (pag. 135), ainda que sabendo de antemão não ser compreendido por muita gente, tal como Kafka, pois “há um verdadeiro labirinto até atingir o baú onde seus contos se encontram (pag. 134)”.

E no decorrer dessas hipotéticas viagens, vislumbra-se um sentir e um saber profundo e universal de um mundo conceptual, que é a base que sustenta a essência da Vida. São referências ao Velho Testamento e ao “Contrato Social” de Rousseau, a Platão e Descartes, a Darwin, ao hai-ku, a James Joyce, a Vivaldi e Ravel, a Vinicius de Morais e Clarice Lispector e até Rilke nas “Cartas a um jovem Poeta” nos vem à memória num certo modo de escrita, como por exemplo, na frase “Maria percebeu-se só. E aprendeu que a solidão pode ser gentil”(pag. 43) ou “Era um jovem. Escrevia periodicamente para si mesmo e quando sentia vontade” (pag. 43).


A epígrafe - “Na verdade, o que seria poesia, esta palavra constrangedora?” - escolhida pelo Autor do livro só poderia ser de Clarice Lispector, com quem muito se identificava o protagonista do conto “Pranto sem lágrimas” (pag. 135). E em resposta àquela pergunta, vem-me ao pensamento o que dizia Novalis – “A poesia é o autêntico real absoluto. Isto é o cerne da minha filosofia. Quanto mais poético, mais verdadeiro.” Por isso eu sinto que o livro todo é um enorme poema em forma de prosa, expressando o verdadeiro real numa linguagem cadenciada, simbólica e metafórica, portanto poética (“Verso por verso, estrofe por estrofe, o pássaro voava um poema sobre as árvores”- pag.38; “Os sonhos não morreriam no gozo – horizonte entre o real e o imaginário” – pag. 126; “), em que as palavras são peças de um jogo, onde se esconde um “roteiro de amor, de redenção, de culpa, de traição, de fé, de ciúme, de roubo, de fuga” (pag. 158), que se vai desvendando com deleite, prazer, sofrimento, alegria, dureza, brincadeira, humor e até tristeza, tal como a Vida.

E, por fim, aquela imagem poética dum frente a frente entre o escritor e a página em branco – “Olhei a página em branco que se oferecia a mim.”, “A página me convidava a preenchê-la com uma história…” (pag. 157) recorda-me o que dizia um grande escritor português, Miguel Torga (1907 – 1995): “Aqui na minha frente a folha branca de papel, à espera; dentro de mim esta angústia, à espera: e nada escrevo.” São os dilemas dos verdadeiros criadores que afinal nos dão textos tão belos!

Tomando ainda a liberdade de me apropriar das palavras “Se eu soubesse escrever um poema …”(pag. 117), admito que gostaria de conseguir escrever, pelo menos, algo semelhante aos últimos versos de um poema do grande poeta português António Ramos Rosa (1924-2013) que diz: “Se escrevo/é para entrar no claro círculo do dia/e ser uma pedra que respira/um núcleo branco”. E acho mesmo que o Autor deste livro já conseguiu entrar no claro círculo dos seus dias e ser alguém que respira um núcleo branco.

E assim se preenche a minha página em branco com a dificuldade inerente ao sentimento de não ter a capacidade “poética” de dizer tudo o que, de facto, nos faz sentir a singular leitura do conjunto destes contos, até que, “solidária” com a minha “descriatividade”, “em um big bang ao contrário”, desapareça “sílaba a sílaba” (pag. 159)…

Resta-me agradecer e felicitar o Autor e “everything is gonna be alright” (pag. 156), I hope .

Lisete Verças


Sobre o LIVRO:

O livro que não escrevi
Editora: Giostri
Gênero: contos
Ano: 2016
160 p.


Sinopse:
A obra é formada por contos escritos por um autor que escreve sem escrever. A literatura é um meio e é também um fim; é forma e também conteúdo; é prosa, é poesia. Os contos aqui (não) escritos são enredos de histórias independentes, mas também podem ser lidos como partes de um todo que dialoga com cada uma de suas partes. Neles, o ser humano se apresenta como uma entidade composta de indivíduos dotados de uma complexidade ingênua, capaz de estabelecer intertextualidades surpreendentes.


Sobre o AUTOR:

Anderson Borges Costa, brasileiro, é coordenador do Departamento de Português da escola internacional Saint Nicholas, em Pinheiros, onde também atua como professor de Português e de Literatura Brasileira. É professor de Inglês no curso Cel Lep. Formado e pós-graduado pela Universidade de São Paulo em Letras (Português, Inglês e Alemão), é crítico literário e resenhista de livros para várias revistas de arte e literatura, como a Germina, onde assina a coluna "Adrenalina nas Entrelinhas". Em setembro, lançará seu segundo livro, desta vez, de contos, cujo título é " O Livro que não Escrevi" (Giostri Editora).

@ >> andbcosta@hotmail.com 

>> ENTREVISTA <<


OUTRAS OBRAS DO AUTOR:
*clique na imagem para ser direcionado à resenha



Parabéns, Anderson! Merecido!

Aos leitores, não deixem de conferir esse livro!

Até + ver!

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