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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Resenha [livro] - O Conto da Aia, de Margaret Atwood

junho 27, 2022

Resenha [livro] - O Conto da Aia, de Margaret Atwood

junho 27, 2022

Olá, nucciamigos!

Bora para mais uma resenha de livros lidos em 2022?

O livro da vez é O Conto da Aia, uma distopia inigualável, cheia de tapa na cara da sociedade que foi escrita por Margaret Atwood e publicada pela Editora Rocco.

Vem comigo!


SOBRE O LIVRO:

O conto da aia
Autora: Margaret Atwood
Editora Rocco
Gênero: distopia
Ano: 2017
368 p.

Sinopse:
Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.


*Livro do acervo pessoal da blogueira*



A HISTÓRIA:

A República de Gilead é um Estado teológico patriarcal totalitário. Deus é todo poderoso e as Leis foram feitas em Seu nome. Mulheres não têm vontade. Mulheres não podem ler. Mulheres são subjugadas e devem saber o seu lugar.

Offred, cujo nome real é June, mas ela já quase nem se lembra dele, é uma dessas mulheres. Propriedades do governo, pertence à classe das Aias, mulheres que ainda são capazes de engravidar, já que a grande maioria se tornou infértil devido à grandes ondas de radiação e devido à guerra que ainda acontece.

"Tento não pensar demais. Como outras coisas agora, os pensamentos devem ser racionados. Há muita coisa em que não é produtivo pensar. Pensar pode prejudicar suas chances. e eu pretendo durar."

Morando na casa de um comandante do alto escalão, ela sobrevive de lembranças, se agarra à esperança de reencontrar sua filha e seu antigo marido. Na casa, além do comandante, vive sua esposa que antes da revolução pregava na TV e agora não pode mais falar. Tudo que ela deseja é um filho. Só que para isso precisa da Aia.

As regras... usando versículos da Bíblia como se fossem leis, as regras de Gilead são desumanas. Aias são obrigadas a manterem relações sexuais contra sua vontade com os comandantes, na presença e "abençoadas" pelas esposas deles. Uma regra quebrada lhe rende o passaporte para o Muro, onde os corpos dos Traidores do Gênero, Não Mulheres e outros ficam expostos, como um lembrete.

"Não é de fugas que eles têm medo. Não iríamos muito longe. São daquelas outras fugas, aquelas que você abrir em si mesma, se tiver um instrumento cortante."

Os dias vão passando e com eles a narrativa de Offred vai elucidando os segredos que a casa guarda. Sua resistência é fruto dos detalhes descobertos por sua observação silenciosa. O comandante gosta de cortejá-la, chegando a quebrar regras que ele mesmo ajudou a criar; a esposa se desespera por uma criança e está disposta a quebrar regras que ela criou antes dos homens roubarem suas ideias.

Offred precisa engravidar logo, pois Aias que não geram filhos possuem prazo de validade curto. Sobreviver é uma luta que requer inteligência e paciência.

O QUE EU ACHEI:

Só queria fazer uma pausa pra dizer: putaquemepariuquelivroéesse?!!!!

Agora vamos conversar direito... O livro foi escrito na década de 80. Estamos em 2022, mais de 40 anos e o livro segue atemporal, pois governos com base teológicas e puritanas, patriarcais e opressores, são o que mais existe! Estamos vivendo em um!

"Estamos fascinadas, mas ao mesmo tempo sentimos repulsa. Elas parecem despidas. Foi preciso tão pouco tempo para mudar nossas ideias a respeito de coisas como essa. Então penso: eu costumava me vestir assim. Isso era liberdade."

O jeito como a autora colocou a narrativa, tudo sob o ponto de vista da June, como ela apresentou a sociedade distópica (tão igual ao que vemos hoje em dia por ser baseada em tempos de outrora que seguem no âmago dos conservadores)... Cada parágrafo é uma reflexão profunda, um revirar estomacal, o nojo quase palpável e, ainda assim, surreal.

Hipocrisia cai em gotas de cada página de cada personagem. E se você não sente raiva em vários parágrafos é porque está lendo errado. Ou porque é homem.

Favoritado com louvor.

"Vivíamos, como de costume, por ignorar. Ignorar não é o mesmo que ignorância, voc^tem de se esforçar para fazê-lo."

Todo dia os direitos da mulher são questionados, são usurpados, são negligenciados, distorcidos, usados a favor de homens. Todo dia uma mulher é humilhada por ser mulher e morta por lutar pelo básico, pelo mínimo.

2022 e a mulher não pode escolher se quer ou não filhos, se quer ou não se casar, se deseja essa ou aquela profissão, se é ou não mulher. Todo dia alguém tem uma "opinião" sobre o corpo dela, sobre seu estudo, seu trabalho, seus amores, sua vida. 

Ser mulher é uma luta.

"Somos úteros de duas pernas, apenas isso: receptáculos sagrados, cálices ambulantes."



SOBRE A AUTORA:

Margaret Atwood é uma escritora canadense: romancista, poetisa, ensaísta e contista, foi galardoada com inúmeros prêmios literários internacionais importantes (Arthur C. Clarke Award, Prince of Asturias, Booker Prize). Recebeu a Ordem do Canadá, a mais alta distinção em seu país além de ter sido indicada várias vezes para o Booker Prize - tendo o ganhado no ano 2000 com o romance O Assassino Cego (The Blind Assassin, 2000). Outros romances de sua autoria são Olho de Gato (Cat's Eye, 1988) e Oryx & Crake (2003). Sua obra é conhecida por mesclar uma fina veia irônica e lúdica com uma aguçada perspicácia para questões contemporâneas - como as relações de gênero e o meio ambiente.


Antes de partir, repitam comigo:

Estupro é CRIME!

Até a próxima resenha,

Nu.



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