sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Resenha [livro] - O vilarejo, de Raphael Montes.


OlĂ¡, leitores!

Sei que Ă© esquisito ter um monte de resenhas nĂ£o natalinas no mĂªs de dezembro, mas Ă© que eu e Natal nĂ£o nos damos bem. NĂ£o pelas ideias e ideais, mas pelo consumismo que tomou conta da data. 

EntĂ£o, enquanto o mundo gira em torno de guirlandas e Ă¡rvores e neve, eu toco o terror. Tipo, literalmente.

Sendo assim, vem comigo conferir a resenha do livro O vilarejo, uma coletĂ¢nea de Raphael Montes, publicado magistralmente pela Suma de Letras, do grupo editorial Objetiva!


Sobre o LIVRO:

O vilarejo
Autor: Raphael Montes
Editora: Suma de Letras
GĂªnero: terror / contos
Ano: 2015
109 p.

Sinopse:
Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligaĂ§Ă£o de cada um dos pecados capitais a um demĂ´nio, supostamente responsĂ¡vel por invocar o mal nas pessoas. É a partir daĂ­ que Raphael Montes cria sete histĂ³rias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradaĂ§Ă£o dos moradores do lugar, e pouco a pouco o prĂ³prio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histĂ³rias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuĂ­zo de sua compreensĂ£o, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao tĂ©rmino da leitura as narrativas convergem para uma Ăºnica e surpreendente conclusĂ£o.


*Livro do acervo pessoal da blogueira*





Sabe quando vocĂª conhece o autor, mas nĂ£o conhece sua escrita? Eu sou mestra nesse tipo de coisa. Veja sĂ³, conheci o Raphael atravĂ©s de uma indicaĂ§Ă£o de amiga blogueira, mas... nem li nada dele na Ă©poca. SĂ³ curti a page, adicionei nos facefriends e fui stalkeando e gostando cada vez mais da criatura.

Comprei o livro e... fiquei mais de 2 anos sem ler, presa em parcerias e escrita e trabalho no lab. Shame, shame, shame...

Enfim, peguei e li. Apesar de todo mundo afirmar que é um livro para ler em uma sentada, de uma vez, demorei uns bons 4 dias, porque fiz a graça de adotar um gato na mesma época dos concursos de dança.

"O vilarejo vem sendo dizimado dia apĂ³s dia. O luto sentou-se Ă  mesa. NinguĂ©m chora os mortos. NĂ£o podem desperdiçar energia lamentando a partida dos que nĂ£o suportaram a fome e o frio."

Mas afinal, Nu, sobre o que Ă© o livro? Ah! EntĂ£o...! É uma coletĂ¢nea. SĂ£o sete contos, cada um deles tem como tĂ­tulo um demĂ´nio superior. Cada conto pode ser lido separadamente, fora de ordem, se quiser. E todos falam de pessoas de um mesmo vilarejo, escondido no meio do nada, quase sumindo do mapa por causa da fome, frio e... bem, da ganĂ¢ncia.

GanĂ¢ncia nĂ£o sĂ³ pelo dinheiro, mas por comida, por mulheres, por status. NinguĂ©m naquela vila estava livre da aĂ§Ă£o dos demĂ´nios interiores. Basta um pecado. E todos caem.

"Matar uma pessoa nĂ£o Ă© tĂ£o difĂ­cil, afinal. Basta puxar o gatilho, colocar uma erva venenosa no chĂ¡, apertar com força o nĂ³ de uma corda envolta no pescoço desprevenido."


A sagacidade do livro estĂ¡ em deixar o leitor com a pulga atrĂ¡s da orelha. Uma pulga do tamanho de um SĂ£o Bernardo. O livro abre com uma explicaĂ§Ă£o do autor, contando como foi encontrar um manuscrito em uma lĂ­ngua antiga na casa de uma senhora falecida, cuja famĂ­lia nĂ£o queria saber dos papĂ©is nem ter mais contato com eles.

E aĂ­, o autor diz que traduziu e eis o livro da traduĂ§Ă£o. Ao final, uma imagem que representa a foto da senhora falecida. AtĂ© agora, tudo ok, certo? Ah, meus chĂ³vens, sĂ³ lendo pra entender o meu ponto de vista, a pulga. Porque quando fechamos o livro a gente pensa seriamente se Ă© ficĂ§Ă£o mesmo, se Ă© realidade ou se o Raphael estĂ¡ tirando onda com nossa cara.

"Na verdade, cortar a cabeça do negro caolho era consenso no momento do seu aprisionamento. AtĂ© mesmo as senhoras religiosas, dotadas de bom coraĂ§Ă£o, apoiam tirar a vida do animal bizarro, que urra a cada chute ou soco que Ivan lhe desfere."

Dos contos, gostei muito de Belzebu, Leviathan e Satan. NĂ£o que os outros sejam ruins, mas esses... uau! É de nos fazer pensar se as atos sĂ£o loucura ou pensados minuciosamente. Talvez, uma mistura de cada caso.

E a ediĂ§Ă£o? Que primor! As ilustrações sĂ£o realistas e encaixam com cada conto como se fossem fotografias nas quais a narrativa se baseou. Marcelo Damm assina todas elas e estĂ¡ de parabĂ©ns. A Suma se dedicou a este livro e Ă© o primeiro nacional que leio deles (leio muito Stephen King), entĂ£o palmas tambĂ©m.

Amantes do terror, podem ler com coraĂ§Ă£o aberto e sangrando. Pessoas que querem conhecer terror nacional, podem começar por este livro. É curto e impactante.

"O pecado nos mata, meu caro Anatole. NĂ£o importa quanto tempo seja preciso. O pecado nos mata."



Sobre o AUTOR:

Nasceu em 1990, no Rio de Janeiro. Advogado e escritor, publicou contos em diversas antologias de mistĂ©rio, inclusive na Playboy e na prestigiada revista americana Ellery Queen Mystery Magazine. Suicidas (Saraiva), romance de estreia do autor, foi finalista do prĂªmio BenvirĂ¡ de Literatura 2010, do prĂªmio Machado de Assis 2012 da Biblioteca Nacional e do prĂªmio SĂ£o Paulo de Literatura 2013.



E ainda tem mais duas resenhas antes do ano se encerrar. Aguentem!

Enquanto isso, chamem seus amigos autores para se inscreverem no PrĂªmio Brasil entre Palavras! As inscrições de livros lançados em 2018 vĂ£o atĂ© dia 30/12.


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Boa leitura! Até + ver!


Um comentĂ¡rio:

  1. Muito raramente leio contos. Acho que tenho que mudar isso, pois as vezes Ă© bom ler umas histĂ³rias mais curtinhas. Parece ser bem apreensivas algumas dessas histĂ³rias..

    www.vivendosentimentos.com.br

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