terça-feira, 19 de março de 2019

Resenha [livro] - 100 escovadas antes de ir para a cama, de Melissa Panarello


Bom dia, leitores!

Mais uma resenha, mas dessa vez é um livro estrangeiro e o tema é bem pesado.

Foi um livro que gerou polêmica na época do lançamento, ainda traz bastante discussão e muitos leitores não gostam dele, talvez por não conseguir captar a essência da mensagem.

Bora conversar sobre 100 escovadas antes de ir para a cama, escrito por Melissa Panarello, edição de bolso da Ponto de Leitura.


Sobre o LIVRO:

100 escovadas antes de ir para a cama
Autora: Melissa Panarello
Editora: Ponto de Leitura
Ano: 2010
Gênero: drama
164 p.

Sinopse:
No inverno europeu de 2002, longe dos olhos da mãe e do pai, a jovem italiana Melissa Panarello começou a escrever um diário em que relatava, sem pudores e meias palavras, as precoces e variadas experiências sexuais vividas por uma colegial entre os 15 e os 16 anos. A história de Melissa começa quando ela perde a virgindade aos 15 anos de idade. A descoberta de um mundo novo e diferente, o desejo de amar e se sentir amada e a ilusão de encontrar este sentimento através do sexo. É esse o ponto de partida para um relato que mistura de forma provocadora ficção e realidade, num vasto e surpreendente rito de iniciação sexual. Durante dois anos a protagonista do livro experimenta as mais diferentes práticas sexuais, como se desejasse, através delas, transcender o corpo. Sexo grupal com desconhecidos, orgias regadas a drogas, sadomasoquismo, homossexualismo: nada detém sua curiosidade, mas seu prazer é tingido de repulsa e insegurança. Em sua busca desenfreada, Melissa acaba caindo em um túnel escuro de humilhação e dor, onde se arrisca a perder para sempre aquilo que tem de mais precioso: ela mesma. Antes de dormir, Melissa escova cem vezes os longos cabelos, num ritual de purificação quase infantil que constitui, para o leitor, o único lembrete de que se trata, afinal, de uma menina. Um dos motivos que transformaram Cem Escovadas Antes de Ir para a Cama em sensação literária foi a tênue fronteira entre autora e personagem. Além de compartilhar com sua protagonista o nome, Melissa, a jovem autora afirma ter vivido todas as experiências narradas, trocando apenas nomes e datas. Características que fazem de seu relato uma visão da adolescência em um país onde o sexo ainda é cercado de tabus, e um retrato revelador da sexualidade neste começo do século 21.


*Livro do acervo pessoal da blogueira*





Primeira coisa que todos temos que ter em mente antes de ler esse livro é: não é um romance erótico!!!

Fala de sexo, ok. Fala de uma adolescente curiosa fazendo sexo sem cuidado, ok. Mas não é erótico! É um drama, gente! 

Explico... Do princípio.

A história é narrada na forma de um diário. A protagonista e narradora se chama Melissa. Ela tem 15 anos, mas no meio da narrativa faz 16. Ela vive na orla da Catânia, um porto na Sicília, Itália, Sua vida é um marasmo que só. Ela já tem um conhecimento do corpo, se toca, mas, talvez, pela apatia e falta de conversa dos pais, associou sexo a amor. 

"O prazer de observar-me é tão grande e tão forte que logo se transforma em prazer físico, que chega como uma sensação inicial de cócegas e termina num calor e num estremecimento novos, que duram poucos segundos. Depois vem a vergonha."

E decide que é hora de ter amor em sua vida, ela cisma que precisa disso. Então ela vai atrás. Do jeito errado.

Errado pra quem? Pra nós, privilegiados, que conversamos com papais e mamães e sabemos que sexo é bem diferente de amor. Nessa onda de buscar o amor onde quer que esteja, em quem quer que esteja, Melissa desenvolve uma extremamente baixa auto-estima. 

"O que me falta é amor, é de um cafuné que eu preciso, é um olhar sincero que eu desejo."

Entendam... você não vai sentir simpatia por ela, nem por nenhuma das pessoas com quem ela se envolve. Pra começar, ela decide perder a virgindade com um cara que conhece numa festa. O cara é um babaca. Ele se aproveita dela, e faz da vida dela um inferno. Mas ela continua com ele porque ele é o único que ela conhece. Ainda.

Depois vem outros e outras e as coisas vão se intensificando. E ela mantém um ritual de escovar os cabelos antes de dormir, porque é uma forma de lembrar da infância, quando a mãe contava histórias para ela. 


O que é importante saber: as cenas de sexo não tem uma descrição detalhada, nem rola um clima porque essa não é a intenção da autora. Ela NÃO quis romantizar as cenas de sexo! é uma garota que aprendeu o que era sexo da pior forma possível. Tu quer erotismo? Vai ler Sylvia Day!

"Quando estou em casa, entro na internet. Procuro, exploro. Busco tudo aquilo que me excita e me faz ficar mal ao mesmo tempo. Busco a excitação que nasce da humilhação. Busco o aniquilamento."

Outra coisa que o leitor tem de entender é que a autora deixa claro desde o início que a menina (sim, menina!) tem ideias equivocadas sobre amor, sexo, conversas e que não tem com quem aprender. A família é omissa e ela também não se abre. É uma criatura confusa, que fica mais confusa ainda conforme os acontecimentos. Não espere profundidade, questões filosóficas de vida ou morte, heroísmo, lutas contra dragões ou contra o machismo. Não é disso que o livro trata.

Foi escrito por oura menina, né? A autora tinha 18 anos quando escreveu e boa parte do que está no livro, segundo a própria, foi vivenciado. Eu fico me perguntando o que o quanto de ficção tem no livro. Cá entre nós, acho que bem pouco.

Não tem erros de revisão, mas também não é uma leitura fácil. Você tem que ter estômago pra aguentar a apatia da personagem quanto a si mesma. E pra aguentar o que ela permite que façam com ela em nome da curiosidade e da busca incansável por amor.

"Lá vou eu de novo, sempre a mesma história. O que posso fazer, não consigo deixar de provocar quem está na minha frente e gosto disso. Faço isso com cada palavra e cada silêncio, e me sinto bem. É um jogo."

O final é feliz? Se por feliz, você entende que ela encontrou alguém que a ame verdadeiramente, então, sim, é feliz. Se por feliz, você acha que é encontrar o amor, então digo que é mais ou menos, pois na minha concepção amor e felicidade são sentimentos que dependem um bocado de outras pessoas, portanto, não são eternos.

Se eu recomendo? Depende. Eu li porque fiquei curiosa com a crítica. Li resenhas que massacravam e outras que enalteciam. Então, decidi ler e fazer a minha própria avaliação. Se você também tenta ter essa visão crítica do mundo, leia, mas vá preparado. Se você acha que não vai conseguir ter empatia com a personagem diante do exposto, nem tente.

Podia ser melhor? Acho que se não fosse escrito em forma de diário, talvez fosse menos "distante". E também gostaria que ela tivesse aprofundado melhor o final.

By the way, tem um filme do livro, ok? Não assisti, porque já saturei de baixa auto estima.



Sobre a AUTORA:

É uma jovem escritora italiana com enfoque em literatura erótica. O seu primeiro livro, 'Cem escovadas antes de ir para a cama', é um diário verídico que relata sobre sua vida sexual na adolescência, em busca de alguém pra amar e ser amada, descobrindo a vida se rendendo aos prazeres carnais. O livro vendeu mais de meio milhão de cópias, somente na Itália. Baseado no diário de Melissa, teve origem o filme Cem escovadas antes de dormir, desaprovado porém pela maioria dos fãs do livro, e também pela própria Melissa. Em 2005, escreveu o livro L'odore del tuo respiro que ainda não tem tradução em língua portuguesa e em 2006 escreveu In nome dell'amore.



Enfim, no fim das contas, sempre aprendemos alguma coisa com cada leitura.

Voltamos em breve com mais resenhas! A meta continua caminhando, meio que lentamente, mas continua!

Até + ver!


CADEADOS:

Você pode encontrar o livro Cadeados em formato impresso e digital.

Comprando com a autora, o livro impresso vai autografado, com dedicatória, marcadores e brindes extras.

Comprando o digital, basta enviar um mail com o print da compra para a autora, assim você recebe os marcadores também!


 

Um comentário:

  1. Eu já tinha ouvido falar desse livro, mas não lembrava que era pesado assim. Confesso que ao mesmo tempo em que fiquei curiosa pela leitura, fico receosa porque não curto baixa auto-estima. É por isso que eu odeio música sertaneja.

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