sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Resenha [livro] - Criança 44, de Tom Rob Smith


Olá, leitores!

Vamos variar as resenhas um pouquinho?

Por variar, quero dizer intercalar leitura nacional com estrangeira, romance com thriller, terror com chick-lit e coisas assim. Só pra... variar! XD

Por isso, trago hoje um thriller estrangeiro, cuja história (sinistra) se passa na Rússia da década de 50, ou seja, a então União Soviética. Vem acompanhar o thriller Criança 44, muito bem escrito por Tom Rob Smith e lançado pela BestBolso (Grupo Record)!


Sobre o LIVRO:

Criança 44
Autor: Tom Rob Smith
Editora: BestBolso (Grupo Record)
Gênero: policial / thriller 
Ano: 2008
420 p.

Sinopse:
Smith leva o leitor de volta à opressora Rússia de Stalin. União Soviética, 1953. A mão de ferro de Stalin nunca esteve tão impiedosa, reforçada pela Segurança do Estado - polícia secreta cuja brutalidade não é segredo para ninguém. Em seu governo, o líder soviético faz o povo acreditar que crimes simplesmente não existem. Mas quando o corpo de um menino é encontrado nos trilhos de uma ferrovia, Liev Demidov - herói de guerra e agente do Estado - se surpreende ao saber que a família da vítima tem a certeza de que a criança fora assassinada. Os superiores do oficial ordenam que ignore a suspeita, e ele é obrigado a obedecer. Mas o agente desconfia de que há algo muito estranho por trás do caso. De uma hora para outra, Liev coloca em dúvida sua confiança nas ações e políticas do Partido. E agora, arriscando tudo, o agente se vê na obrigação de ir atrás do assassino - mesmo sabendo que está prestes a se tornar um inimigo do Estado.




A história impactante desse livro começa na década de 30, em uma aldeia bem ao norte da União Soviética. A fome e o frio imperam. Muitas das aldeias se tornaram lembranças na história do país, as pessoas morrendo de fome, trancadas em casa. E nesse contexto que conhecemos dois irmãos com cerca de 10 anos e 8 anos, respectivamente, tentando caçar um gato, o último vivo da região, para não morrerem de fome como o resto da aldeia. Uma caçada que termina mal, com o mais velho sendo capturado por um andarilho faminto.

"A voz de Pavel sumiu quando o homem apareceu em meio às árvores, levantando o galho. Só então, ao ver o rosto magro do homem e o olhar agressivo, Pavel percebeu que o homem não queria o gato. Queria ele."

Então, o livro dá um salto de 20 anos. Saímos da aldeia de Chevoy e vamos para Moscou, conhecer Liev, um importante e fiel agente da polícia soviética, que caça traidores da Revolução. A forma como conhecemos Liev é impactante. Convocado pelo seu superior, é obrigado a ir à casa de uma família de um de seus subordinados para calar o furor que envolve a morte do filho caçula.

"Não existe crimes no país, isso é coisa do capitalismo". Esse é o mantra do governo ditador.


Em seguida, Liev é obrigado a caçar um suposto traidor. E descobre que a política e a diretriz do governo não são tão infalíveis e corretas como ele acreditava piamente. Por se recusar a interrogar (sob tortura, é óbvio) o veterinário que capturou como traidor e espião, sua esposa passa a ser alvo da polícia soviética e seu superior obriga Liev a descobrir a traição e delatá-la.

"Era a segunda vez em dois dias que uma idosa o enfrentava, o desprezava abertamente. Aquelas mulheres tinham alguma coisa que as tornava intocáveis, a autoridade dele não era nada para elas."

A vida de Liev, sua esposa e seus pais muda da noite para o dia. Perdeu o posto, a dignidade, o amor da sua mulher, o conforto que podia dar aos pais, sua casa, sua credibilidade. Perdeu tudo. E foi enviado para o norte, para trabalhar subordinado à polícia de pequeno escalão.

E então, se depara com corpos largados de forma estranha na floresta. Barbantes nos tornozelos, boca cheia de terra. Crianças nuas, largadas, esquecidas. Começa então uma caçada a esse assassino serial que o governo soviético exige anunciar que não existe. E a verdade... nada dói tanto quanto a verdade.

"O superior deles pediu que corressem na neve sem abrigos, mas não se incomodou nem em examinar o corpo do filho morto do colega deles. A morte de um menino tinha sido considerada bobagem."

Eu ganhei esse livro em um sorteio no ano passado e fiquei curiosa com sua história, foi bem recomendado, mas não li logo por ter uma pilha de livros na frente. Como esse ano eu estou no sistema de sorteio, ele entrou na meta. E caramba, eu devia ter lido logo! Que impactante!

Dei uma pesquisada e descobri que o livro é baseado na história real do assassino em série russo Andrei Chikatilo, conhecido como o Estripador de Rostov, responsável por 52 assassinatos na União Soviética.


O contexto histórico foi descrito com tanta precisão que fiquei chocada. Só lendo os agradecimentos do autor para entender que a pesquisa dele foi muito bem feita, por isso a gente se sente tão mal com algumas descrições, como a forma de educar crianças, como eram os orfanatos públicos, como se tratava homossexualidade. Não conheço nenhuma ditadura que tenha feito coisas boas para a população mais pobre.

"Liev tinha ouvido falar em presos que ficaram semanas abandonados e médicos cuja única função era estudar a dor. Ele passou a acreditar que coisas assim não existiam por acaso. Existiam por alguma razão, por um bem maior. Existiam para aterrorizar. O terror era necessário. Protegia a Revolução."

Com o decorrer da leitura é que se entende porque dar uma volta tão imensa entre o caso apartado por Liev no começo do livro e os assassinatos que ele passa a investigar quando é rebaixado. A criança de seu subalterno foi assassinada, e era a número 44. E o final? Surpreendente e muito bem encaixado. Não houve ponto sem nó.

Cada detalhe do começo do livro é importante para se entender o fim. Cada ação, cada nome, cada sobrevivente. E é por isso que o livro ganhou o estatus de best-seller.

"Se ia morrer numa cidade que odiava, para onde foi transferida por ordem do Estado, a 1.700 quilômetros de sua família, então morreria arrancando os olhos daquele filho da puta."

Cabe informar que este é só o volume 1 de uma trilogia. O volume 2 também tem os personagens Liev Demidov e sua esposa, Raíssa Demidova. Apesar disso, são histórias independentes, então você até pode ler uma sem obrigatoriamente ler a anterior, mas, cá entre nós, vai perder um livraço!

Sim, pretendo procurar os demais livros do autor. Gostei do modo como ele escreve, é intrigante e envolvente. Quem curte thriller policial, vai se amarrar. 

Ah, sim!!! O livro virou filme em 2015! Saiba mais sobre o filme AQUI.



Sobre o AUTOR:


Filho de mãe sueca e pai inglês, Smith foi criado em Londres, onde vive hoje. Após graduar-se na Universidade de Cambridge em 2001, ele completou seus estudos na Itália, estudando redação criativa por um ano. Após esses estudos, trabalhou como roteirista. Sua primeira novela, "Criança 44", sobre uma série de assassinatos de crianças na Rússia stalinista, apareceu no início de 2008 e foi traduzido para 17 línguas. Foi premiado em 2008 Ian Fleming Steel Dagger Melhor Thriller do ano pela Associação Crime Writer's. O seguimento de crianças 44, "O Discurso Secreto" foi publicado em abril de 2009.



Então, já sabem: próxima resenha é de livro nacional e não tem nada de serial killer nele. rsrs!

Boa leitura e até + ver!





2 comentários:

  1. Oi, Nuccia. Li esse livro faz um tempo. Lembro que gostei muito na época. Não lembro de todos os detalhes e sua resenha clareou minha mente. É uma ótima leitura. Não vi o filme. bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também não vi o filme! Aliás, só descobri que tem por causa da resenha. Gostei do livro, achei bem impactante. Vou até procurar os outros do autor. Bje e obrigada por ter vindo!!!

      Excluir

Seja legal: aumente nosso ego deixando seu comentário!
Mas, ei! Cuidado aí! Sem comentários ofensivos!
Um imenso obrigado de todos nós!

Popular Posts

Acessos: