quinta-feira, 14 de julho de 2016

[Traça Literária] Entrevista: Bia Onofre!!!

Olá amores ❤

Hoje temos Entrevista com Bia Onofre, autora do romance Restos de Nós
!!!

Eu sou a Ingrid, autora e nova Colaboradora, autointitulada "traça".

Bia Onofre



Biografia

Bia Onofre nasceu no Brasil, mas traz consigo um pouco de todos os lugares por onde passou. Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, concluiu o mestrado em TESOL (Teaching English to Speakers of Other Languages) na Hunter College-CUNY, Estados Unidos, onde também lecionou. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 2001 e redescobriu a literatura brasileira.Desenvolveu e ministrou oficinas de escrita e ganhou seu primeiro prêmio literário com o conto “A filha da puta”. “Restos de Nós”, seu primeiro romance, foi premiado pela Fundação Biblioteca Nacional ainda em fase de conclusão. Atualmente,Bia Onofre trabalha como professora de inglês em São Paulo e espera os ventos soprarem novamente a seu favor para decolar como uma escritora de renome e voar. Mais alto.



Restos de Nós


Sinopse

Sobre a mesa do escritório, o laptop dela abandonado. Aproximou-se, o desassossego aumentou. Veio a tentação de vasculhar os arquivos e penetrar no mundo da esposa, nas anotações que ele desconhecia. Não era do seu feitio, mas por que não? Ela nunca saberia. O dilema moral durou pouco. Usando a mão do médico que alcançava um porta-retrato, o destino esbarrou no teclado e as estrelas da tela de proteção pararam de piscar. Um texto desconhecido, porém familiar, surgiu diante de Rodrigo. Mais de sessenta páginas datadas. Ficou surpreso. Não imaginava que Mariana mantivesse tais registros.




[Traça Literária]

Entrevista

1. Quando ocorreu seu primeiro contato com a leitura? Considera-se uma leitora voraz?
Bia Onofre: Comecei a ler livros nas férias da escola, quando eu tinha uns onze anos. Naquela época não tínhamos internet e os programas de televisão eram sempre os mesmos. Para passar o tempo, peguei livros com uma amiga. Adorei os livros de aventura que ela me emprestou e até hoje me lembro de alguns deles: "A Montanha Encantada” - Maria José Dupré, "O Escaravelho do Diabo" - Lúcia Machado de Almeida e "Os Meninos da Rua Paulo”- Ferenc Molnár, por exemplo. Algum tempo depois vieram Agatha Christie e obviamente alguns clássicos que tiveram que ser lidos para a escola. Mas confesso que esses últimos não me seduziam. Lia mesmo por obrigação.  Hoje em dia, alterno fases em que leio bastante e outras em que não tenho tempo ou energia para nada. Trabalho muito e tenho vários afazeres. A vida em São Paulo é muito corrida.

2. Quando está escrevendo, costuma ler livros do mesmo gênero, ouvir música, assistir algum filme e/ou série para utilizá-los como influências para aprimorar sua história? 
Bia Onofre: Antes de efetivamente começar a escrever "Restos de Nós” pesquisei muito sobre a vida no século XIX, especialmente em Bananal e no Rio de Janeiro. Li romances e vi algumas exposições e filmes de época brasileiros que não havia visto até então. A internet também ajudou muito. Durante o processo surgiram dúvidas e eu tive que retomar alguns textos já lidos, a maioria deles históricos, mas fora isso, fiquei num certo “isolamento" cultural.

3. Qual seu gênero literário favorito e qual você escolheria para se desafiar a escrever, mesmo que sequer já tenha lido, mas tenha certa curiosidade?
Bia Onofre: Adoro tramas surpreendentes e inteligentes em qualquer gênero. Também gosto muito de “descobrir" escritores que foram indicados para prêmios ou se sobressaíram em concursos. Não sou fã dos best-sellers. A maioria deles não me envolve, são previsíveis. Eu descubro o mistério logo de cara e isso me irrita. Aconteceu com "Código Da Vinci”, entre outros. Logo no começo, a palavra pirâmide apareceu. Pronto. Eu já sabia que o final tinha a ver com o Louvre. Perdeu a graça. Meu marido detesta ver filmes policiais comigo. Diz que eu descubro tudo muito rápido e estrago a surpresa. Tem que ser bem feito e realmente surpreendente. Além disso, sou professora de inglês há 35 anos e as péssimas traduções com as quais me deparo me desanimam profundamente. Se for para ler um livro inglês ou espanhol, prefiro ler o original. Se for uma língua que não domino, procuro me informar sobre as traduções e as editoras. Sou muito exigente em relação a isso. Não dá para ler algo mal escrito. Não estou dizendo que só leio clássicos ou livros rebuscados, mas há que ter um mínimo de estilo e cuidado ao escrever ou perco o encanto. 
Quanto ao desafio, nunca pensei nisso antes, mas poderia ser um livro de ficção científica. Acho o máximo alguém falar sobre o futuro e imaginar o que está por vir de maneira coerente e envolvente e não sei se conseguiria fazê-lo. 

4. O que te inspirou a escrever “Restos de Nós” e qual o seu maior objetivo com este livro? 
Bia Onofre: Restos de Nós nasceu como um presente que me dei, e dei à Cidade Maravilhosa, pelos anos que vivi por lá e onde fui tão feliz e bem-acolhida. Eu não queria deixar essa fase de minha vida passar em branco. Foi delicioso aprender sobre o Império, os novos bairros que surgiam, costumes e o povo daquela época. Adorei a pesquisa e o que nasceu  dela, principalmente no que diz respeito a Maria Clara e 1855. 
O meu maior objetivo com esse livro era vencer o medo de me expor. Desde o começo, eu sabia que era um livro polêmico e que não iria agradar a todos. Tem uma certa poesia com ele, mas também um grande peso. Mariana não é uma personagem, vamos dizer, agradável. Ela escancara vários dilemas da mulher moderna e isso incomoda demais as pessoas. Eu sempre soube disso. Então, ter coragem de enfrentar as críticas, resenhas e opinião de pessoas conhecidas e desconhecidas foi um exercício que tive que fazer. Mas acabei me surpreendendo com o resultado e ouvi e li comentários maravilhosos sobre meu trabalho. Fiquei muito feliz.

5. Adicionou fatos reais? Qual a parte mais difícil ao se utilizar o paralelo entre o passado e o presente?
Bia Onofre: Aproveitei fatos históricos e nomes de ruas para criar em cima deles. Por exemplo, há uma rua no Jardim Botânico que se chama Dr. Faro. Inspirei-me no nome para criar o médico que cuida de Maria Clara, mas na verdade, nem sei sei Dr. Faro foi realmente um médico que viveu no Rio. A mesma coisa se passou com o Solar Grandjean de Montigny. Inspirei-me na existência do arquiteto francês para “inventar" todo o resto. Ou seja, é ficção. Mas tomei muito cuidado para a história ficar coerente. Foi o que fiz, entre outras coisas, ao mencionar o surto de cólera de 1855, os bailes na corte e a vida aos arredores da cidade. Pesquisei as datas e o que seria possível ou não para evitar erros grotescos.
A maior dificuldade em escrever os dois diários foi a linguagem que eu tinha que usar. Em 1855, as pessoas eram mais formais e os fatos relatados no diário de Maria Clara são mais “externos”. Falam do dia-a-dia da personagem, contam histórias da corte. Já Mariana é uma pessoa que vive uma crise existencial e usa o diário para falar sobre seus sentimentos, medos, angústias. Fatos de sua vida pouco aparecem. Isso influencia muito a linguagem que usei e tive que ser cuidadosa para os diários parecem verossímeis.

6. Suas personagens, Maria Clara e Mariana, têm personalidades muito bem definidas, como foi o processo de criação delas? Possuem características predominantes suas e/ou de outras pessoas?
Bia Onofre: Maria Clara é deliciosa. Nasceu linda. Cresceu e tomou conta de mim de uma forma suave e delicada e por mais que eu soubesse que fim teria, nunca me incomodou. Pelo contrário, sinto saudades dela. Já Mariana sempre foi uma chata comigo. Tentei várias vezes mudar o rumo que sua história tomou, mas ela tinha uma força bruta. Me incomodou muito. Era pesada, carente, cheia de nós na cabeça e no coração. Só no decorrer do livro, tornou-se mais agradável. Mesmo assim, não consegui mudar o final da história. Era como se ela não deixasse. Uma coisa muito louca. 
Ambas têm características de tudo que vi e vivi até hoje, mas não SOU elas, ESTOU nelas. Aqui ou ali, você pode encontrar um pouco de mim ou de alguém que conheço, mas sobretudo há muita imaginação e criação. 

7. Você é o tipo de pessoa que prefere ficar quieta mesmo que não concorde com determinado assunto só para não criar conflitos e picuinhas, ou, é o tipo de pessoa que prefere se pronunciar sem se importar com o que os outros vão dizer a seu respeito? 
Bia Onofre: Depende do momento e das pessoas envolvidas. Tenho minhas opiniões, geralmente fortes, mas aprendi que não tenho que convencer os outros sobre elas. Também entendi que há várias maneiras de encararmos o mundo e viver. Tudo é relativo. Talvez o segredo, muitas vezes, esteja na forma de nos expressarmos. É preciso saber como, quando e quem está envolvido na história. Mas é muito difícil segurar a onda quando se é impulsiva e procuro trabalhar isso em mim, para evitar conflitos desnecessários. 

8. Além da escrita o que mais você faz? Quais seus hobbies?
Bia Onofre: Adoro viajar, passear, ir a museus, ver filmes ou séries de TV, sair com meus pais e, é claro, ler um livro ao lado da minha peluda. Além disso, curto muito meus sobrinhos e amigos. Sou festeira e um pequeno encontro pode virar uma grande festa. 

9. Tem projetos em andamento? Conte-nos sobre eles.
Bia Onofre: Tenho alguns contos quase prontos que gostaria de publicar. São escritas urbanas e que relatam a violência e o momento pelo qual o Brasil está passando. Também tenho uma novela policial que escrevi há alguns anos muito bacana, mas essa ainda tem que ser revista. Ambos os trabalhos são bem diferentes de “Restos de Nós”.

10. Deixe uma mensagem para os seus leitores, os leitores do blog e uma dica especial para quem ainda está iniciando a carreira.
Bia Onofre: Fico muito feliz por ser lida por pessoas que não me conhecem e queria agradecê-las por isso. O mercado está cheio de livros e escritores “famosos” e dar uma chance a uma escritora novata e desconhecida é muito legal. 
Não sei se posso dar uma dica para quem está iniciando a carreira. Cada um tem uma história e seu próprio tempo. A única coisa que tenho certeza que posso afirmar é que temos que ser persistentes e acreditar no nosso trabalho. Só assim conseguiremos chegar a algum lugar. Ninguém vai caminhar por nós. São nossos pés e nosso esforço que nos levará aonde quer que seja.

Ingrid M. S. Nascida em 03 de outubro de 1993, é formada em Design de Moda, mora com o marido em uma cidade pequena e muito pacata no interior de Santa Catarina. Ama escrever desde criança, mas somente em 2014, resolveu publicar algo através do Wattpad.


É sonhadora, criativa, detalhista e muito teimosa, uma viciada em livros e chocolate, simplesmente apaixonada por dias frios e chuvosos. Gosta muito de 
desenhar, assistir comédias românticas e seriados. 


CONTATO: FACEBOOK -  GRUPO NO FACEBOOK - SKOOB - WATTPAD  - AMAZON

Gostou dessa postagem??? Quer mais??? Que tal deixar nos comentários suas sugestões de leitura, vou adorar...




6 comentários:

  1. olá, tudo bem?
    Que legal conhecer a autora e a obra dela!
    Adorei a capa do livro!
    Muito bacana saber como foi a construção dos personagens e também quais foram as inspirações.

    ÚLTIMAS HORAS PARA PARTICIPAR DA PROMOÇÃO DOIS ANOS DO BLOG BIO-LIVROS

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  2. Oi, adorei conhecer a autora e um pouco sobre sua obra. Gostei da capa e da premissa do livro, achei bem instigante, e fiquei curiosa, e já quero ler seu livro. Gostei de saber das inspirações para a construção de seus personagens e suas historias.
    bjus

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  3. Ingrid, as pessoas estão adorando a entrevista e o blog. Deixaram comentários nas minha página ou no what's up. Obrigada. Ficou lindooooo!

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  4. Ooi!
    Não conhecia a autora, amei conhecer dela e de seu trabalho. A entrevista está ótima! Gostei bastante de saber das suas inspirações e sobre a criação das personagens.

    Beijoos
    http://estantemineira.blogspot.com.br/

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  5. Nossa como gosto dessas entrevistas com autores(as), é uma oportunidade magnífica de conhecer nossos escritores nacionais e suas obras. Não conhecia o romance que pela sinopse chamou muito a minha atenção.
    A entrevista também me proporcionou conhecer um pouco dessa autora que parece muito interessante e engajada. Achei super legal essa coisa de ela procurar conhecer os autores(as) indicados a prêmios, sem dúvida uma maneira interessante de conhecer novos autores.

    Bjo
    Tânia Bueno

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  6. Oi Nu, que maravilha conhecer um pouco mais da Bia! Ela é uma pessoa muito de bem com a vida, fiquei curiosa para ler seu livro policial. Amo!!!
    Bia revisa isso mulher, queremos ler!
    Beijos e muito sucesso sempre.

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