sexta-feira, 21 de outubro de 2016

[Especial Outubro Sangrento] Resenha [livro] - Contos e Crônicas do Absurdo, de Rô Mierling

Olá, leitores!


Vamos fingir que hoje é sexta-feira 13 e fazer resenha nacional de um livro de arrepiar?

Sim, porque o Especial Outubro Sangrento continua no ar e lotadérrimo de postagens sombrias! No final desta postagem, tem TODOS os links que já foram ao ar!

A resenha do livro nacional de hoje será do Contos e Crônicas do Absurdo, escrito pela parceira Rô Mierling, cuja 3ª edição (!) foi publicada pela também parceira Editora Illuminare.

Cheguem mais!


Contos e Crônica do Absurdo
Autora: Rô Mierling
Editora: Illuminare (3ª ed)
Gênero: contos/crônicas/suspense/horror
Ano:2016
118 p.

Sinopse:
A obra analisa personagens reais em eventos do cotidiano, descritas em uma ótica crítica, dramática e até irônica, destacando o absurdo de amores, mortes, traições. São 23 contos baseados em fatos reais e 13 crônicas analisando situações do cotidiano social brasileiro. Uma menina que desaparece, uma mulher fatal e cinco homens, uma adolescente sequestrada por não saber ler, um assalto noturno que deixa marcas, o drama do Facebook, a filosofia do beijinho, a tatuagem e seus estigmas, o amor e o racismo, o poder da leitura, o estupro mental e a procura incansável de um deus inexistente, casos insólitos e reais. Esses e muitos outros assuntos são o foco dos contos e crônicas desse livro dinâmico, ágil, divertido e reflexivo. Livro de leitura rápida e fácil para leitores e até não leitores.







Pensa em um livro que uniu diferentes pontos de vista das situações mais bizarras, absurdas, catastróficas e... reais? Pensou? Se não foi esse livro do qual vou falar, você pensou errado!



Contos e Crônicas do Absurdo é uma coletânea diferentona. Neste livro, encontramos um total de 19 contos e 12 crônicas, todos com uma temática diferente, mas envolvendo situações do cotidiano que para uns parecem absurdas, para outros podem ser normais.

Amores perdidos, alcoolismo, estupro, aborto, preconceito, sequestro, adolescência, amizades, inibição... A autora nos mostra que a realidade serve de inspiração para criação literária, não importa o quão crua e desumana a história seja.


Todos os textos sem exceção foram escritos baseados em fatos e casos reais. E isso nos dá uma noção muito leve do que a realidade efetivamente foi, é e será.

Vou falar um pouco dos textos que me marcaram mais. Foram 3 deles: Cega, Um Gesto de Socorro e O Bilhete.

Em Cega, somos apresentados a Sonia, uma menina de 13 anos, que conheceu o seu amor, a quem ama muito, muito mesmo. Com poucos meses de paquera, iniciaram o namoro e logo depois veio o noivado e o casamento. Sonia não podia trabalhar poque seu amor não queria, era ele quem sustentava a casa e pronto. 


"Ele olhou para Sonia e gostou dela, gostou do seu nariz refinado, da boca pequena e dos olhos verdes. Olhava para ela e sabia que ela era virgem e inexperiente, o povo falava que ela mal saía de casa. Tentação para ele."

Mas logo ele começou a paquerar uma outra jovem da vizinhança. Esta engravidou. Sonia não acreditava no que diziam do seu amor. Nunca! Ela o amava demais. Quando ele a deixa, ela sofre. Apenas 22 anos e já largada, sofrendo pela perda do seu amor. Os anos passam, ela conhece e se casa com outro, tem uma filha, formam uma boa família, mas Sonia nunca se esqueceu do seu amor de sorriso fácil. 


Quando seu marido falece, Sonia acaba encontrando o antigo amor e eles reatam. Vai morar com Sonia e sua filha, agora adolescente, linda e de olhos negros. Os vizinhos comentam, avisam. Mas Sonia nunca acreditou em nada do que diziam para ela. Afinal, ele era o seu amor, e ela o amava. Muito mesmo. Esse conto me marcou porque eu conheço tantas meninas em situações parecidas, tantas mulheres agarradas a um homem que nem se importam com elas, que as trocariam num passe de mágica assim que conseguissem outra que lhes fornecesse mais ou melhor o que querem delas... Tão triste ser cega desse jeito!

Já em Um Gesto de Socorro, conhecemos J.C., um rapaz com poucos amigos, pouco social, que gostava muito de ficar em casa, em silêncio, solitário. Quando um casal se muda para o apartamento superior e as brigas começam, J.C. sente que perdeu sua paz. Certo dia, ao levar o lixo para fora, conhece Sandra, a vizinha, que destrincha sua vida ao rapaz. Dias se passam, Sandra chora e se queixa de Flávio, seu esposo espancador. Teme morrer em suas mãos.

"Sandra começa a confessar a J.C., em suas conversas de escadaria, que seu desejo era morrer.
- Antes morrer em paz do que nas mãos de Flávio - dizia."
Então, J.C., que só queria sua paz de volta, tem uma ideia para ajudá-la. Sai à procura de um fornecedor que lhe venda o que precisa. O final deste conto, que parecia previsível, foi bem inesperado, me surpreendeu e até me deixou um tanto chocada. Fecho magistral.

Por fim, um dos menores contos do livro, mas para mim o mais impactante. O Bilhete narra a história de uma pequena menina que sempre quis aprender a ler e escrever. Todos os dias passava em frente à banca de revistas e livrarias e ficava olhando as palavras como se fossem um mundo mágico. No entanto, sua mãe não a deixava aprender a leitura, dizia que palavra escrita e lida não valiam nada sem o pão do sustento.

"Não havia quem a ajudasse, não conhecia ninguém que lhe cedesse um daqueles livros. E a vida continuava, sem esperanças de mudanças, sem novos horizontes, só trabalho e trabalho."

Entre as idas e vindas do trabalho, lá pelos seus 10 anos de idade, é observada por um homem na rua. Alguns dias depois, o tal homem mostra a ela um bilhete supostamente escrito pela vizinha. O que dizia o bilhete? Sua mãe estava no hospital e ela devia ir com ele até lá. Não vou dizer mais, porque daí contaria a história toda. Porém, cabe dizer que a lição de moral que a história passa é absurdamente incrível. E vem diretamente da garotinha!


Não foram os únicos contos de que gostei, mas foram os mais "UAU!"... Muitos dos textos apresentados foram ganhadores de prêmios e/ou concursos. Nesses casos, há notas de roda é na primeira página do texto informando quando concurso e a colocação.

Só uma coisa, um detalhe mínimo: alguns dos contos pareceram impessoais demais. Sabe, uma narrativa meio jornalística, sem se mostrar o íntimo do personagem, só fatos e mais fatos. Mas, de novo, só em alguns contos!

As crônicas, todas narradas em primeira pessoa, claro, foram bem realistas, todas pertinentes e moderninhas. As críticas sociais estavam bem explícitas, como é o costume. Ri em algumas, especialmente as que tratam das redes sociais, esse vício nosso de todas as horas!


Sobre a edição física: simplista, mas muito bem trabalhada. Pouquíssimos erros de revisão, imagens ilustrativas no início de cada parte do livro e ao lado do título de cada conto/crônica. Folhas amareladas (pólen), grossas, fontes em tamanho maravilhoso, margens justificadas.

Descrição da capa #pracegover: a capa é composta de uma foto real de uma adolescente que foi encontrada morta em um parque na Argentina. Foi trabalhada para mudar as cores e torná-la mais "fotogênica". É um close de parte do rosto de uma menina, deixando exposta a face esquerda com pele muito esbranquiçada, com ênfase no olho aberto em tom de azul esverdeado. O restante do rosto está encoberto por folhas em tons de vermelho. Título do livro em preto na parte inferior da capa.

O livro está com uma boa escrita e os temas são variados, logo agradam a todos. Recomendo a quem gosta da realidade como ela é. Se você curte fugir desse nosso mundinho, esse livro não é pra você.

Como a autora mesmo disse em suas notas finais, a escrita do livro é mostrar o mundo, a vida em sua forma mais crua, como podemos ser cruéis, como os pontos de vista variam muito. O seu absurdo pode ser normal para mim. Como boa realista, faz um certo tempo que deixei de catalogar muitas coisas como absurdas... :(






O livro na REDE:


   





Sobre a AUTORA:

Gaúcha, escritora e antologista. Autora de "Contos e Crônicas do Absurdo", “Íntimo e Pessoal”, "Quando as Luzes se Apagam", "Diário de uma Escrava" e muitos outros. Coordenadora em mais de 25 antologias, atua na divulgação e incentivo de leitura e escrita junto a diversos projetos como PEGAÍ e Arca Literária. Autora contratada da editora DarkSide Books, está finalizando seu sexto livro. Atualmente mora em Buenos Aires onde divulga a literatura brasileira.




Vocês já conheciam o livro da Rô? E o próximo livro dela (Diário de uma escrava), a ser lançado até final de novembro pela DarkSide, conhecem? Comentem aí!

Boa leitura!

Até + ver!






*ESPECIAL OUTUBRO SANGRENTO*

5 comentários:

  1. Oi Nu
    Rô Mierling é uma autora que eu ja venho observando á tempos. Tenho muita vontade de ler os livros dela, já que a mesma parece escrever para mim kkkkk
    Verdade, adoro os títulos e sinopses dos seus livros, esse ai por exemplo, depois dessa resenha já quero....
    A história da capa, moço pirei, que isso!!!
    Ai chega de tietar
    Parabéns pela resenha está ótima mesmo
    Beijuh

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  2. Oi, Nu! Tudo bem? Li um pouco sobre o novo livro da Rô que será lançado pela DarkSide e já quis na hora. E agora venho ler uma resenha de contos da autora que a cada dia me deixa com mais vontade de ler suas obras. Olha, acho que estou perdendo tempo, sabia? Todo mundo fala super bem da escrita dela e eu quero muito ler as coisas dela. Como estou pobríssima, acho que vou esperar o lançamento do Diário de uma Escrava e depois, se eu gostar, parto pras outras obras.
    Beijos

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  3. Olá!Eu sempre ouço falar na Rô Mierling. Até esses tempos atrás estava participando de um sorteio para concorrer um livro dela. Esse livro ''Contos e Crônica do Absurdo'' parece ser muito bom. Querooooo muitoo! Beijos!

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  4. Oi Nu!!!
    A capa do livro é linda, e o tema escolhido para s contos parece bem interessante,mas confesso que não sou adepta de contos, me sinto incompleta e quando me empolgo acaba kkkkk então só por esse motivo pessoal eu passo dessa vez hahaha

    beijokas

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  5. Oi Nutella!
    Antes tarde do que nunca estou lendo esse livro agora!
    To gostando bastante, é tão bizarro saber que as histórias por mais que sejam absurdas tenham acontecido de verdade, tipo do garoto que foi morto por pedir atenção e carinho, ou a mulher que deixava solta a filha pequena e puft! Sumiu.

    Espero que minha resenha fique tão boa quanto a sua.

    Beijos.

    Giu

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