terça-feira, 14 de maio de 2019

Resenha [livro] - Avenida Paulista 22, de Anderson Borges Costa


Olá, queridos!

Sei que tenho andado muito afastada daqui e tenho bons motivos para isso.

Mas o que importa mesmo é que as leituras continuam e que também continuarei a trazer resenhas a vocês.

E por falar em resenha... que tal conhecer um livro nacional que traz um apanhado histórico na São Paulo de 1922, traz uma visão da mesma São Paulo mas em 2022 e ainda por cima nos apresenta conceitos matemáticos e científicos misturados no texto de forma elaborada e bacana?

Vem conhecer Avenida Paulista 22, o novo livro do autor Anderson Borges Costa, lançado pela Editora Giostri esse ano!


Sobre o LIVRO:

Avenida Paulista, 22
Autor: Anderson Borges Costa
Editora: Giostri
Gênero: romance, ficção
Ano: 2019
180 p.

Sinopse:
"Avenida Paulista, 22" é um romance de ficção que dialoga de perto com a História do Brasil. Narra a trajetória de Osvaldo, um adolescente que entende muito de matemática e de física, nascido no início do século 20 e que mora na avenida Paulista. A primeira parte do romance (“Avenida Paulista, 1922”) se passa no ano de 1922, quando Osvaldo tem 16 anos. A curiosidade e a inteligência o aproximam do severo professor Celso, que lhe dá aula de matemática no Grupo Escolar Rodrigues Alves, escola estadual que funciona até hoje na avenida. O jovem Osvaldo, fazendo associações matemáticas e físicas estimuladas pela descoberta de seu amor pela vizinha Joana, sem saber, comprova, através da trigonometria, a existência de um ponto móvel, que está sendo estudado no Brasil pelo professor Celso e na Alemanha pelo vencedor do Prêmio Nobel de Física, o famoso cientista Albert Einstein. A segunda parte do romance (“Avenida Paulista, 2022”) se passa no ano de 2022 na mesma avenida Paulista, para onde Osvaldo se desloca após cruzar o ponto móvel em 1922. Mistério, paixão, traição e suspense temperam este romance. Os 100 anos da Semana de Arte Moderna e os 200 anos da Independência do Brasil são lembrados na segunda parte do livro, que acentua os contrastes e as transformações pelas quais a avenida Paulista (metáfora de São Paulo e do Brasil) passa da noite para o dia (ou seja, de 1922 para 2022).


*Obra cedida pelo autor no formato impresso para resenha referente a parceria 2019. As opiniões são exclusivamente nossas. Não houve nenhum tipo de intervenção em nossos comentários.*




São Paulo, 1922. A Era do Café. A Primeira Grande Guerra. A Semana de Arte Moderna. O Cinema Mudo. A Política do Café com Leite. 100 Anos da Independência. Mas Osvaldo... ele se apaixonou por Joana no mesmo dia em que viajou 100 anos adiante no tempo.

No Grupo Escolar Rodrigues Alves, uma escola que fica na Avenida Paulista de 1922, os jovens que interrompem a aula do Professor Celso, um matemático muito sério, são surpreendidos com arguições surpresa. Uma arguição que aconteceu logo depois de um teste que mudaria a ciência.

Durante seu teste, ao imaginar as ruas de São Paulo que fazem esquina com a Paulista, em ângulos trigonométricos e fórmulas perfeitas, Osvaldo sequer poderia pensar que estava revolucionando a física e que receberia uma carta do próprio Einstein. Ele, um adolescente de 16 anos, cujo pai era português inventor do Moedor de Café Oliveira, cuja mãe era espanhola, devota de Santo Olegário, cujos amigos eram imigrantes italianos e cuja menina por quem se apaixonou também fazia compras no mercadinho do Seu Jaime.

"Quando chegou ao Brasil, papai entendeu que São Paulo não era Lisboa, nem Cascais. Não era o lugar das castanhas, do pastel de Belém, dos doces, das frutas da estação. São Paulo era a cidade do café. Seu futuro e seu presente estavam no café: a casa própria na Avenida Paulista antes da virada do século, o casamento e a família cabiam em uma xícara de café."

Através de suas respostas ao teste, o professor Celso entra em contato com um famoso matemático da USP que está trabalhando com Einstein em uma descoberta sigilosa: o ponto móvel. Esse ponto, que só acontece a cada 274 anos, é capaz de jogar alguém no futuro, mas apenas se esse alguém atravessá-lo durante seu ápice, na velocidade certa.


E naquele dia cheio de surpresas, cheio de novidades, de vida, de amor, de café e de morte, Osvaldo teve de escolher entre ficar ali, em 1922, vendo seu pai nunca mudar, sua mãe sempre rezar para o Santo, sentindo o gosto do beijo de Joana, ou, então, saltar adiante, deixar seu passado e todas essas pessoas para trás, para sempre.

"As palavras são poderosas. Elas não cansam de me surpreender. Têm um alcance bem maior do que o som que se propaga a partir de nossas cordas vocais."

Assim, às 17h13 do dia 6 de abril de 1922, uma quarta-feira, Osvaldo estava acelerando o Ford T de seu pai pela Avenida Paulista a fim de cortar o ponto móvel durante seu ápice, bem ali em frente ao número 27, onde ficava sua Casa, a Casa das Rosas.

E então... Era 6 de abril de 2022 na Av. Paulista, onde carros são proibidos de circular aos domingos. Naquela bela manhã de domingo, Osvaldo foi saudade pela polícia, por roupas diferentes da sua, músicas desconhecidas, parques iguais de nomes diferentes, prédios de arquitetura duvidosa, por um novo século.

"A maior descoberta científica da humanidade desde a invenção da roda, para mim, foi o amor. Descobri que o amor é uma emoção intensa, elevada à décima segunda potência da paixão, que me faz ter vontade de pensar na Joana uma noite inteira no meu quarto."

A história, que me pareceu meio estranha no começo, depois entrou em mim e não quis sair até que eu fechasse sua última página. Era estranha pelo jeito repetitivo do personagem pensar. Mas com o tempo de leitura, a gente acostuma, a gente entende que são pensamentos aleatório de um adolescente e que essa aleatoriedade tem ordem.


Osvaldo me pareceu alguém com TDAH. Distrai-se facilmente, pensa em demasia, e quando está pensando em coisas demais, tem ideias incríveis e soluciona problemas. Ele constrói seus pensamentos de forma lógica, daquela lógica matemática mesmo, em sequências que constatam o óbvio e o incauto. Ele muda o tempo todo, diferente de seu pai, que nunca muda.

Adorei o jeito como o autor trabalhou a questão histórica e política do país através dos pensamentos de um adolescente que acabou de se descobrir apaixonado e prestes a viajar ao futuro.

"A nossa professora de história não entendia um conceito básico na física: o som não se propaga no espaço. 100 anos repetindo uma mentira patriótica não foram suficientes para uma professora de história construir o distanciamento necessário para enxergar de maneira crítica uma independência criada artificialmente."

Além da história e da política, o texto é permeado de explicações matemáticas, físicas, científicas, todas através do olhar de Osvaldo. Algumas ele mesmo explica, outras são explicadas a ele, e ele é um personagem com muito pensamento crítico, analisando tudo que lhe é explicado.

Perdido em 2022, se vê alvo de 2 grupos de cientistas: aqueles que estiveram trabalhando com Einstein e Hawking para solucionar o mistério do ponto móvel e continuar a pesquisa para salvar a humanidade, e aqueles que querem o conhecimento para ganhar o Prêmio Nobel. Então, além de muito discussão filosófica, também temos um pouco de ação na história.

Esses altos e baixos fizeram a leitura ser gratificante. Outro detalhe foi o contraste da avenida em 2 momentos do tempo, algo criado pelo homem com a intenção de tentar dar significado à sua existência. História e Ficção Científica. Passado e Futuro. Exemplo disso é o mercadinho do seu Jaime, que era pequeno e familiar e, no futuro, tornou-se grande e robótico.

"Era impossível medir em números e fórmulas o que eu sentia pela Joana. O deslocamento no tempo podia ser provado. O amor não cabe em ma folha de papel."

Gosto de romances históricos desse jeito, que fazem os fatos históricos interagirem com os personagens, que empurram o leitor até aquela época (mesmo que seja uma época por vir). O romance é de uma sagacidade ímpar e merece ganhar mais leitores.



Sobre o AUTOR:

Anderson Borges Costa é coordenador do Departamento de Português da escola internacional Saint Nicholas, em Pinheiros, São Paulo, onde também atua como professor de Português e de Literatura Brasileira. É professor de Inglês no curso Cel Lep. É crítico literário e resenhista de livros para várias revistas de arte e literatura, como a Germina, onde assina a coluna "Adrenalina nas Entrelinhas". Formado e pós-graduado em Letras (Português, Inglês e Alemão) pela Universidade de São Paulo. Em setembro de 2018, lançou seu segundo livro, desta vez de contos, cujo título é “O Livro que não Escrevi”, e em 2019 lançou o terceiro, "Avenida Paulista 22", ambos pela Editora Giostri.



Cá entre nós, eu curti bastante, pois, além de gostar muito de romances históricos com o Brasil de pano de fundo, adoro essas teorias científicas.

Espero que vocês curtam a leitura também!

Até + ver!

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