terça-feira, 5 de novembro de 2019

Resenha [livro] - Quando o sol deixou de brilhar, de Láiza de Oliveira


A resenha de hoje não tem saudação alegre, pois o conteúdo do livro resenhado é sombrio.

Hoje o papo é sério, muito mesmo.

Depressão e automutilação são os temas do livro Quando o sol deixou de brilhar, escrito maravilhosamente pela Láiza de Oliveira e publicado apenas em versão digital, de forma independente na Amazon.

Aviso de gatilho no livro e na resenha.


Sobre o LIVRO:

Quando o sol deixou de brilhar
Autora: Láiza de Oliveira
Editora: Independente (Amazon)
Gênero: drama / sick-lit
Ano: 2019
400 p.

Sinopse:
“Alguém enxerga a tristeza?”
Meu pai, um alcoólatra funcional.
Minha mãe, uma mulher fria e distante.
Eu, uma garota deprimida.
E essa era minha família tóxica.
“Alguém consegue ver a solidão?”
Dizem que é normal se sentir triste algumas vezes...
Mas é normal se sentir triste sempre?
Esse era meu pesadelo, esse era meu fardo.
“Nunca faça seu primeiro corte”
E para esquecer, a lâmina me socorreu.
Uma vez, duas, três...
Ela virou minha melhor amiga.
Como voltar atrás?
“Leve-me de volta ao dia em que eu era feliz.”
Marcas na pele e no coração,
A morte me assombrando, rodeando,
E ao final... Ela me venceu.

AMAZON | SKOOB

*Livro do acervo pessoal da blogueira*



Essa é uma das resenhas mais difíceis que já escrevi. Não porque não gostei do livro, pelo contrário. Mas é difícil por conta do tema que ele aborda: a depressão e a automutilação.

Suzanna é uma jovem cercada por uma família tóxica. Seu pai é viciado em bebidas e jogos. Sua mãe é viciada no trabalho e em manter aparências. A única com quem Suzanna se entende bem é sua irmã mais nova. Além disso, ela tem dois amigos muito queridos, bons professores, boa escola...

Então... por que ela está sempre se sentindo triste demais? Por que a luz não a alcança?

"A escuridão me rodeia e ela é tão densa que chega a me sufocar."


"Talvez eu estive deprimida minha vida toda e ninguém notou, ninguém nota, e fica cada vez pior ignorar o que sinto e as consequências disso."

A dor é tanta que chega a sufocar. Suzanna se sente mal por se sentir tão triste tendo tantas coisas. E a escuridão, a solidão, a depressão, a morte... Ela está sempre ali, encarando-a, esperando o momento.


Em um dia em que o pai retorna mais bêbado do que o costume, que Suzanna vê precisa ajudá-lo a entrar em casa, em que vê a mãe quase desmoronar, a dor se torna insuportável, é demais... E ela, aquela que a encara o tempo todo, esperando, finalmente tem a chance de mostrar a Suzanna um escape.

"Será que agora é possível enxergá-la através de mim? Será que as pessoas veem a tristeza escondida atrás dos meus olhos?"


"Por poucos minutos, consegui esquecer essa dor por causar outra em mim e o que fiz me ajudou naquele momento."

Quando os vícios de seu pai levam a família a se rearranjar, as meninas são obrigadas a trocar de escola. Mesmo conhecendo o único rapaz por quem valia a pena viver, a queda de Suzanna começou assim que pisou na nova escola.

Vocês devem ter reparado que há o dobro de citações que eu costumo colocar. Vou contar outra coisa: também não é meu costume resenhar os livros que reviso, mas cá estamos (ok, fiz isso mais vezes esse ano, todos por merecimento).

"Agora não tem mais volta. Agora carrego na pele a minha dor. Ela finalmente conseguiu."


"Alguém enxerga a tristeza, alguém consegue ver a solidão? (...) Leve-me de volta ao meu eu que morreu no momento em que você me tocou."

O livro todo se passa em dois momentos: o presente, com Suzanna no hospital, narrando tudo ao seu redor, e o passado, o que a levou ao ponto em que está, também narrado por ela. A gente viaja de um para o outro, sem nenhuma confusão.


Esse livro é de uma sensibilidade ímpar. Mesmo sendo narrado do ponto de vista exclusivo da Suzanna, conseguimos saber o que se passa/passava pela mente de todos os personagens nas devidas ocasiões.

"Eu só pensei em mim. Na minha dor."


"Nossa mente pode tanto nos salvar quanto acabar com qualquer esperança que ainda nos resta."

As cenas possuem uma realidade crua, a dor pungente, e a necessidade presente. Há explicações desde a primeira página, fique bem atento, caso decida ler. Mas por que isso? Bem, além de pesquisa e um jeito incrível de escrever (considero a autora uma das pessoas mais empáticas que conheço), ficamos sabendo em uma nota no livro que a autora viu situações parecidas bem de perto.

Além de ser entremeado por músicas, uma característica dos livros da Láiza, também há informações úteis, outra característica dela. Durante a narrativa conhecemos o Projeto Borboleta, um projeto de apoio e cuidado para pessoas que se machucam para acabar com a dor.

"Eu me corto e me machuco para não ter que machucar outras pessoas. E, mesmo assim, eu machuco outras pessoas."

Eu poderia desfiar mais e mais elogios, mesmo com um tema tão pesado, mas acho que só lendo para entender. No entanto, como disse lá em cima, o livro tem gatilhos. Então... cuidado se você decidir ler.


Eu recomendo. Com força, com fé. Vai abalar estruturas, e é necessário que o faça.


"Viver é a melhor escolha, mesmo que pareça a mais dura da sua vida."


Sobre a AUTORA:

Láiza de Oliveira nasceu em Barra Bonita, interior de São Paulo. Começou a ler e cheirar livros aos oito anos. A biblioteca sempre foi seu lugar de refúgio, onde permanecia por horas a fio, tentando encontrar alguma relíquia. Somente em 2012 começou a adquirir livros. Seu sonho? Montar a própria biblioteca particular. Viciada em livros e séries dramáticas, recentemente se apaixonou e entrou de cabeça na leitura de High Fantasy e a Sarah J. Mass foi incluída na sua lista de melhores autores. Collen Hoover ainda encabeça essa lista. Ela jura que está tentando melhorar e responder as mensagens dos amigos em tempo recorde, e não duas semanas depois — como tem feito —. já que costuma se esquecer. Meros detalhes. “A luz que me aprisiona” é seu terceiro romance. “Permita-se Recomeçar” e “Quando o sol deixou de brilhar” são suas primeiras publicações.



OUTRAS OBRAS:

 


A autora convida a todos para se manifestarem na rede, desenhando uma borboleta em seu braço em apoio a quem precisa da nossa ajuda.

Compartilhem o Projeto Borboleta.

Não desista.

Aguente só mais um dia.



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